segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Direitos Humanos: uma consciência ausente



Os Lusíadas, respeito e desrespeito pelos Direitos Humanos




A Declaração Universal dos Direitos Humanos proclama um ideal comum que deve ser prosseguido por todos os povos e todas as nações. Tem como objectivo promover o direito à vida, ao trabalho, à saúde, à educação, liberdade de escolha e de expressão, respeitar e não distinguir as pessoas em função da raça, sexo, língua, ou religião de cada um.


Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, falam-nos da descoberta do caminho marítimo para a Índia por, à volta da qual se vão descrevendo outros episódios da História de Portugal, glorificando o povo português.


Nesta obra podemos observar algum desrespeito pelos conceitos consagrados nos Direitos Humanos relativamente às acções praticadas pelos Portugueses. Estes tinham como intenção, espalhar o Cristianismo nas terras que descobriram e por onde passavam, não tendo em consideração as ideias e costumes dos povos que lá habitavam. Tornavam-nos escravos e incentivavam-nos a aprender os nossos costumes e a acreditar em Cristo. Com efeito, tanto com os “mouros”, que tentaram derrotar e cujas terras ocuparam, como em África, impuseram o Cristianismo, em nome de espalhar a palavra de Deus como uma obra misericordiosa. Com isto observamos que o conceito de respeito pelas outras raças, neste caso a liberdade de religião e de expressão, não está presentes em Os Lusíadas.


Mais um exemplo de não cumprimento pelos Direitos Humanos é o episódio de Inês de Castro. O rei (D. Afonso IV), manda assassinar a dama por ser amante de seu filho, o futuro rei e por não ter sangue real. Isto contraria expressamente o Direito à vida (se  se passasse nos nossos dias.).


Ao mesmo tempo encontramos o oposto, nas atitudes do Povo português na chegada à Índia, mais precisamente a Melinde. Aqui, os portugueses são recebidos de braços abertos, depois de uma grande viagem, com tormentas e horrores. Com efeito, Vasco da Gama e a sua armada mostram quem são e tratam com respeito os povos que lá habitam, contando-lhes a História de Portugal, os nossos feitos, as nossas batalhas e todo o nosso caminho até a Índia e são recebidos com respeito por esse povo.


Resta-nos, então, especular  sobre o facto de Os Lusíadas não estarem dentro dos parâmetros da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas não podemos esquecer que os padrões da época eram muito diferentes dos da actualidade!


Da Beatriz, 12ºB


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pensar nos Direitos Humanos



Os Direitos Humanos em Os Lusíadas


Camões propõe cantar «as armas e barões assinalados» do seu tão nobre povo português, mas não fecha os olhos à condição política, social e económica em que este se encontra.


O poeta deixa clara a sua posição em alguns dos Cantos, principalmente “Na reflexão do Poeta” (canto VII). Dá-nos o seu ponto de vista sobre o seu conceito do ideal humano, alguns deles poderíamos relacionar directamente com artigos da declaração universal dos direitos humanos.


A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi instituída a 10 De Dezembro de 1948, mais de 300 anos depois da época de Luís de Camões, mas, ao observarmos Os Lusíadas, encontramos alguns conceitos bem presentes na sociedade em que vivemos.
O artigo número I da Declaração Universal do Direitos Humanos diz-nos: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão  e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.” Camões começa o seu poema atribuindo essa dignidade aos merecedores, honrando-os e respeitando-as pelos seu feitos e declara que por causa destes “ Cesse tudo o que a Musa antiga canta, / Que outro valor mais alto se levanta.


 Na reflexão do poeta (canto VII estâncias 84 á 86), este  diz-nos  quem não cantará: aqueles que mostram desrespeito pelo povo extorquindo-os e desvalorizando os seus direitos, aqueles que agem injustamente, mas fazendo parecer que o que fazem é o correcto e o justo, tendo várias facetas para agradar o povo e a quem mais precisarem, propõe-se antes  cantar os merecedores indicados no início do poema, aqueles que corajosamente perderam a vida em prol de outros e alcançaram a fama e a glória, para si, para o povo e para reino.
São estes os mesmos homens que se procura, hoje em dia, formar com a declaração dos direitos humanos, homens dignos e honrados, que respeitam e procuram a felicidade de outros.   

No Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, encontramos as seguintes declarações: 
 “  Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em actos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum.”


Não é esta a ideia com que ficamos quando lemos o episódio do Velho do Restelo? Não nos mostra Camões que a desconsideração por outros e o desprezo pela vida humana leva o homem a actos terríveis e cruéis, que causam sofrimento alheio, nesse caso a dor daqueles que ficam e choram por mortes desnecessárias? Não tiram a estes o direito descrito no artigo número III dos direitos humanos “Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”?


Da Marta, 12ºB


Os Lusíadas e os Direitos Humanos



Os Lusíadas – Respeito e Desrespeito pelos Direitos Humanos




Penso que a maneira mais apropriada de escrever este texto é ter bem em conta os Direitos Humanos e a própria Epopeia de Camões. Comparando-os, vou tentar mostrar de que modo existe ou não respeito pelos Direitos do Homem na obra. Porém os valores atribuídos ao Homem na altura, em quase nada têm a ver com os dos dias de hoje


Para começar, sendo toda a obra um reflexo da heroicidade do povo português, Camões demonstra o seu respeito pelos portugueses, pelo seu rei e também pelo espírito de companheirismo que acompanha os navegadores, o que se enquadra no 1º artigo da Declaração dos Direitos Humanos:


Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.


 No episódio do Velho do Restelo encontramos outro direito bem visível: o de todo e qualquer homem poder dar a sua opinião, sem ser censurado, artigo 19º:


 Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.


 Camões, neste episódio, dá voz a uma grande parte dos portugueses que estão contra as descobertas, e através de um personagem simbólico expressa as suas opiniões.


 Tendo em conta a própria vida de Camões e as condições em que escreveu a sua obra, podemos dizer que os seus direitos foram diversas vezes desrespeitados.
Um  dos momentos é quando é preso diversas vezes por dívidas, e outro ainda é por viver miseravelmente toda a sua vida, sem direito a um salário fixo que lhe permitisse sobreviver: Artigo 23.º


1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego. 2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.


Da Leonor, 12ºB


No tempo de Camões....



N' Os Lusíadas, Luís de Camões glorifica os portugueses, pois os feitos passados quer em terra, através da guerra, quer no mar, são dignos de uma epopeia, mas não deixa de denunciar os erros e defeitos, por vezes graves, do Portugal contemporâneo.
Com efeito, no plano das suas considerações pessoais, as suas reflexões dão conta da ignorância e do desprezo pela cultura (Canto V, est. 92-100), chamando a atenção dos homens do seu tempo para os perigos da decadência que resultam de desvalorização da arte; da ingratidão para consigo próprio que tanto deu à Pátria, tanto como soldado como quanto poeta, e aponta uma série de abusos que são cometidos na sociedade, principalmente no Oriente onde viveu e escreveu Os Lusíadas
Assim, não poupa críticas aos que têm cargos de responsabilidade, aos que desprezam o bem comum, os ambiciosos e gananciosos que não olham a meios para atingir os seus fins, aos que fingem servir o povo, mas não defendem os seus próprios objectivos de enriquecimento rápido e fácil, aos que exploram os pobres não lhes pagando com justiça pelo seu trabalho.
Aos reis são também feitas chamadas de atenção, a D. Manuel (Canto X, est 22 a25) e D. Sebastião (Canto IX, est. 25 a 29). Lembra-lhes as suas responsabilidades de governantes, a necessidade de servirem o povo e não fazerem da sua autoridade uma forma de tirania e de opressão em benefício das suas ambições espaciais. No final do poema queixa-se que a pátria “está metida/ No gosto da cobiça e na rudeza/ De ua austera, apagada e vil tristeza”.
Aos olhos de hoje, em que existe grande consciência da necessidade de respeitar os direitos humanos e de defender os ideais da paz e da democracia, pode parecer estranha a forma como D. Afonso IV manda matar Inês de Castro diante dos seus filhos ou a maneira como, ao longo do poema, Camões se refere aos mouros ou aos indígenas, mas, de um modo geral, podemos afirmar que n`Os Lusíadas, por serem a epopeia do Renascimento, ao dignificar os portugueses, se dignifica o  ser humano, capaz de  ter a coragem de lutar pelos seus sonhos em benefício de toda a humanidade, contribuindo para o seu avanço.

Da Mariana, 12ºB