terça-feira, 8 de dezembro de 2009

No tempo de Camões....



N' Os Lusíadas, Luís de Camões glorifica os portugueses, pois os feitos passados quer em terra, através da guerra, quer no mar, são dignos de uma epopeia, mas não deixa de denunciar os erros e defeitos, por vezes graves, do Portugal contemporâneo.
Com efeito, no plano das suas considerações pessoais, as suas reflexões dão conta da ignorância e do desprezo pela cultura (Canto V, est. 92-100), chamando a atenção dos homens do seu tempo para os perigos da decadência que resultam de desvalorização da arte; da ingratidão para consigo próprio que tanto deu à Pátria, tanto como soldado como quanto poeta, e aponta uma série de abusos que são cometidos na sociedade, principalmente no Oriente onde viveu e escreveu Os Lusíadas
Assim, não poupa críticas aos que têm cargos de responsabilidade, aos que desprezam o bem comum, os ambiciosos e gananciosos que não olham a meios para atingir os seus fins, aos que fingem servir o povo, mas não defendem os seus próprios objectivos de enriquecimento rápido e fácil, aos que exploram os pobres não lhes pagando com justiça pelo seu trabalho.
Aos reis são também feitas chamadas de atenção, a D. Manuel (Canto X, est 22 a25) e D. Sebastião (Canto IX, est. 25 a 29). Lembra-lhes as suas responsabilidades de governantes, a necessidade de servirem o povo e não fazerem da sua autoridade uma forma de tirania e de opressão em benefício das suas ambições espaciais. No final do poema queixa-se que a pátria “está metida/ No gosto da cobiça e na rudeza/ De ua austera, apagada e vil tristeza”.
Aos olhos de hoje, em que existe grande consciência da necessidade de respeitar os direitos humanos e de defender os ideais da paz e da democracia, pode parecer estranha a forma como D. Afonso IV manda matar Inês de Castro diante dos seus filhos ou a maneira como, ao longo do poema, Camões se refere aos mouros ou aos indígenas, mas, de um modo geral, podemos afirmar que n`Os Lusíadas, por serem a epopeia do Renascimento, ao dignificar os portugueses, se dignifica o  ser humano, capaz de  ter a coragem de lutar pelos seus sonhos em benefício de toda a humanidade, contribuindo para o seu avanço.

Da Mariana, 12ºB



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